Foto: Renan Mattos (Diário)
Selecionador de materiais recicláveis e estudante de Ciências Sociais, Alexandro Cardoso, 41 anos, tem uma trajetória permeada pelo trabalho com o lixo e com a educação. Apesar de abandonar a escola ainda criança para auxiliar financeiramente os pais, que também eram recicladores, a vontade de retomar os estudos permaneceu. Após 20 anos longe da escola, ele finalizou o ensino fundamental e médio na modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA). Em 2018, Alexandro passou no vestibular e conquistou uma vaga em uma universidade pública.
Essa história é compartilhada em Do lixo a bixo: a cultura dos estudos e o tripé de sustentação da vida, livro que será lançado neste domingo, na 27ª Feira Internacional de Cooperativismo (Feicoop).
- Do lixo é porque sou catador desde criança, e bixo porque retomei os estudos e consegui passar em Ciências Sociais na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) - explica Alexandro sobre o título do livro.
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Segundo o catador, a narrativa foi construída pela ótica da educação a partir das vivências do povo marginalizado da periferia. Alexandro relata que outra discussão presente no livro é a desigualdade social e a indiferença da população diante dessa realidade. Para ele, existem caminhos para superar essa problemática.
- Para mudar esse mundo precisamos de um processo ligado ao ser humano, que é a solidariedade, um movimento de olhar e sentir o que o outro está precisando e estender a mão. Quando a gente faz isso, envolve mais uma questão humana, a empatia, que é quando a gente se coloca no lugar do outro. Essas são as as partes fundamentais e fundantes de uma sociedade que realmente vai crescer e prosperar, não pelo dinheiro, mas pela glória de valorizar suas pessoas - reitera o catador.
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O livro, que pode ser definido como autobiográfico, foi escrito em 2020, durante a pandemia. O lançamento já ocorreu em alguns locais do estado, mas é a primeira vez em Santa Maria.
- Trazer a discussão do livro e lançar na Feicoop tem a ver com a trajetória que Santa Maria tem para o mundo, sendo um espaço de referência prática e teórica sobre um outro mundo possível, enraizado na troca de conhecimento de forma solidária - afirma Alexandre, que reside em Porto Alegre, faz parte da Cooperativa dos Catadores de Materiais Recicláveis da Cavalhada (ASCAT) e integra o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis.
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A vinda para Santa Maria também permitiu a participação de Alexandro em uma reunião pública na Câmara Municipal, realizada na sexta-feira. Neste dia, a Comissão Especial, que acompanha o processo de licitação para o serviço de coleta e destinação de resíduos sólidos em Santa Maria, ouviu o relato de representantes de cooperativas e associações de várias cidades do Estado, como Agudo, Ibirubá, Santa Cecília, Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Cruz Alta e Santa Cruz do Sul. Alexandro conta ainda que visitou a cidade em outras oportunidades, como em encontros de catadores e edições anteriores da Feicoop.
Além da venda na Feicoop, o livro está disponível para compra no site da Editora Dialética.
*Laura Gomes